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Incomum como o amor do Pai



Com estratégias diferenciadas e criativas, Mocidade promove evangelismo na praça Sete, centro de Belo Horizonte



Por Andrea Souza



“Vocês estão precisando sabe de quê? De tratamento psiquiátrico”. Quando se distribui amor gratuitamente, as reações resistentes não podem ficar de fora. Foi assim com Jesus Cristo nos momentos em que ele se apresentava como a luz que dissipa toda a escuridão, como a razão de toda existência humana. Fariseus se enraiveciam contra o posicionamento indubitável daquele que trocou a vida pela morte, e a morte pela vida. É realmente constrangedor receber algo que não merecemos. Numa manhã normal de sábado, pessoas paradas na esquina da praça mais tradicional de Belo Horizonte olham com desconfiança e curiosidade a distribuição gratuita de abraços e punhados de amor e graça. Não tem problema se você está sujo, se você fede, se você fuma, se você tem AIDS, se você tem medo, de você sente vergonha de você mesmo. O propósito é só um abraço.



A Mocidade da Igreja Batista da Lagoinha realizou no dia 19 de junho, sábado, um evangelismo assim. Incomum. Igual ao amor do Pai. Não saímos com megafones gritando e selando a condenação de muitos, mas com entusiasmo e alegria, encarnamos o amor urbano de Jesus. Um amor que se espalha mesmo pelos asfaltos, pelas esquinas onde na madrugada vidas se prostituem por valores que nem se sequer chegam perto do preço pago na cruz pelo pecado de todos nós. Um amor que não para por conta de caras fechadas ou olhares desconfiados, um amor extravagante que se achega ao coração quebrantado de cada transeunte atrasado para pagar contas no banco ou dar uma olhada na promoção da loja antes que ela feche.



E assim seguimos com placas de “Abraço Grátis”, “Jesus abençoe o seu dia” e livrinhos que professavam o amor de Deus. A atividade envolveu também alguns ministérios, como o grupo de teatro que com filmadora e máquina fotográfica em mãos, abordou de forma inusitada pessoas comuns como se elas fossem verdadeiras celebridades. A estratégia buscou demonstrar o amor do próprio Deus que nos tira radicalmente do anonimato para nos colocar nos centros das suas atenções. Os meninos do Hebreus 11, grupo de dança focado nos elementos do Hip Hop, também marcaram presença no local com uma apresentação que despertou o interesse de muitos que passavam por ali. Com movimentos inesperados e giros de tirar o fôlego, o grupo conseguiu mostrar que evangelismo também pode ser feito com arte.
“Abraço Grátis? Tem certeza? Pô cara, obrigada!”, “Ah! Eu quero um abraço! Tô precisando de um abraço hoje!”. Um convite, um abraço, uma palavra amiga, um sorriso. São estratégias válidas de evangelismo que podem gerar conforto no aflito, paz no perturbado, que podem fazer brotar amor no coração sem esperança. E antes de você dizer que é pequeno demais para ser usado, Paulo nos diz em I Coríntios, capítulo 13, que não há dom maior que o dom do amor. E a maior fonte de amor desse universo, você já sabe qual é. Precisamos nos dispor a ir mais fundo nessa fonte, seja em nosso relacionamento com Deus, seja amando mais aqueles que não conhecem ao Senhor.



Por isso, te encorajamos a abrir mão de seus próprios medos, compromissos pessoais ou qualquer outro empecilho para estar conosco no próximo evangelismo. Atos, capítulo 20, versículo 35 nos diz que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” Provavelmente o autor do livro já previu quão recompensador é doar amor, afinal ao fazê-lo também recebemos amor. As pessoas estão sedentas por um toque, por uma palavra, por um abraço de Jesus e talvez a única chance delas verem a manifestação desse amor esteja na sua disposição em sair num sábado de manhã decidido a amar cada olhar perdido no meio da multidão, cada passo cansado, cada alma seca.



Devemos nos unir como Igreja de Cristo para que aquele que hoje rejeita um abraço e nos indica urgentemente acompanhamento psiquiátrico, seja um dia louco como nós.